terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

MARCELO MONTEIRO: UM ESCULTOR À MARGEM DO CAPITALISMO

Os pontos destacados acima – Realismo [pouco grotesco], a perda da Aura, o Surrealismo – são, a meu ver, os pontos-chave para a apreensão das esculturas e do pensamento de Monteiro. Mas não são os únicos devido à originalidade de Marcelo Monteiro, que tende a escapar de qualquer escola artística, constituindo assim seu próprio estilo, marcado pela revolta e melancolia. Se fosse possível condensar sua mensagem em uma imagem alegórica[1], diria que suas esculturas nos olham como a Medusa da mitologia grega. Mas trata-se de uma Medusa às avessas, em vez de petrificar aquele que a encara, as esculturas de Monteiro buscam justamente o inverso, isto é, devolver a aura ao ser materializado, ao autômato mecanizado, sem sentimentos.
[...]

[1] O sentido literal não é o sentido verdadeiro. Deve-se aprender uma outra leitura que busque sob as palavras do discurso seu verdadeiro pensamento, uma prática que os estóicos chamam de hyponoia (subpensamento) e à qual Filo de Alexandria dará seu nome definitivo de alegoria (de allo, outro e agorein, dizer)” (GAGNEBIN, 1999, p. 34).