Resumo: O presente artigo pretende discutir a relação, muitas vezes
controversa, entre marxismo e religião, sobretudo com o Cristianismo. Para a
análise especifica do pensamento marxiano acerca da religião se fez necessário
um estudo detalhado de todas as obras de juventude de Marx, de 1841 a 1848, ano
de publicação do Manifesto Comunista, uma vez que esta produção reflete o autor
em sua gênese filosófica (hegeliana e feurbachiana) e menos economista; além de
algumas obras de Friedrich Engels que também abordam o fenômeno religioso. Na seqüência,
observam-se os desdobramentos dos “materialismos históricos” no século XX, nas
suas vertentes ortodoxas e heterodoxas, suas afinidades, aproximações e
rupturas com o Clero Católico. Por fim, busca-se a compreensão da práxis em seu
exemplo específico, a Teologia da Libertação na América Latina. Não temos a
pretensão de uma discussão teórica e/ou filosófica entre Materialismo Histórico
e Idealismo ou abstrações metafísicas, mas sim os paralelos históricos, sociais
e políticos que engendram essa temática.
sexta-feira, 4 de maio de 2012
WALTER BENJAMIN E A TEORIA MESSIÂNICA DA HISTÓRIA
Resumo: “Escovar a história a
contrapelo”. Talvez seja este o termo, descrito na sexta tese Sobre o conceito
de História, que melhor sintetize o pensamento benjaminiano acerca da
historiografia positivista e historicista dominante no período entre guerras e
de ascensão do fascismo. Através da estética social, da crítica literária e da
arte, Benjamin apreendeu como poucos autores do seu tempo a realidade social e
política que levavam a Europa rumo à catástrofe iminente. A partir das
premissas apocalípticas, sobretudo para um judeu, nas décadas de 1920 e 1930,
este autor concebeu uma aproximação original e coerente entre Materialismo
Histórico e teologia, entre messianismo judaico e marxismo, para possibilitar,
dessa forma, “mobilizar para a revolução as energias da embriaguês”. Para
romper com a reificação do moderno trabalhador industrial, com a crença
ilimitada no progresso da técnica, com a concepção de tempo linear, homogêneo e
vazio, para recuperar a “aura perdida”, Benjamin desenvolve o conceito de “interrupção
messiânica”. É esse conceito que este artigo pretende abordar, relacionando-o
sempre com os exemplos empíricos de messianismo e milenarismo, sobretudo à
Guerra do Contestado.
Na íntegra em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/Urutagua/article/view/18449
ENTRE O CÉU E A TERRA: MATERIALISMO E MESSIANISMO NO CONFLITO DO CONTESTADO (1912 -1916)
Resumo: A partir da revisão
de literatura do movimento do Contestado e da análise comparativa entre a
geração de sociólogos e dos historiadores percebe-se que a historiografia está
relegando o fenômeno religioso - ou o messianismo propriamente dito – como um
epifenômeno. Alguns autores defendem “o ponto de vista de que as
características milenares e messiânicas são apenas alguns dos aspectos a serem
avaliadas no Contestado” e que “o conceito de messianismo, tal como é empregado
por Pereira de Queiróz, é pouco útil para o estudo deste movimento social”.
Para Ivone Gallo, as dúvidas que pairam sobre a guerra estão “na divergência
existente entre a racionalidade republicana e o modo de vida caboclo”. Este
artigo propõe uma análise sociológica da religião integrada às mudanças
econômicas provocadas pela penetração do capital transnacional nos sertões
brasileiros, sobretudo com o Sindicato Farquhar. Em suma, a historiografia dos
movimentos sociais evoluiu bastante no quesito integração religiosa e
político/social (Hobsbawm em “Rebeldes Primitivos” e “A invenção das
tradições”, E.P. Thompson em “Formação da classe operária inglesa” e “Costumes
em Comum). Buscamos a co-relação entre religião e economia sem entrar no
determinismo ou na teoria dos reflexos de Marx, mas sim, através de autores
como Walter Banjamin e Ernst Bloch que sintetizam materialismo histórico e
movimentos messiânicos e milenaristas.
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