sexta-feira, 4 de maio de 2012

“AQUI É DA TERRA QUE SE SOBE AO CÉU”: MARX, ENGELS E A RELIGIÃO

Resumo: O presente artigo pretende discutir a relação, muitas vezes controversa, entre marxismo e religião, sobretudo com o Cristianismo. Para a análise especifica do pensamento marxiano acerca da religião se fez necessário um estudo detalhado de todas as obras de juventude de Marx, de 1841 a 1848, ano de publicação do Manifesto Comunista, uma vez que esta produção reflete o autor em sua gênese filosófica (hegeliana e feurbachiana) e menos economista; além de algumas obras de Friedrich Engels que também abordam o fenômeno religioso. Na seqüência, observam-se os desdobramentos dos “materialismos históricos” no século XX, nas suas vertentes ortodoxas e heterodoxas, suas afinidades, aproximações e rupturas com o Clero Católico. Por fim, busca-se a compreensão da práxis em seu exemplo específico, a Teologia da Libertação na América Latina. Não temos a pretensão de uma discussão teórica e/ou filosófica entre Materialismo Histórico e Idealismo ou abstrações metafísicas, mas sim os paralelos históricos, sociais e políticos que engendram essa temática.  

WALTER BENJAMIN E A TEORIA MESSIÂNICA DA HISTÓRIA

Resumo: “Escovar a história a contrapelo”. Talvez seja este o termo, descrito na sexta tese Sobre o conceito de História, que melhor sintetize o pensamento benjaminiano acerca da historiografia positivista e historicista dominante no período entre guerras e de ascensão do fascismo. Através da estética social, da crítica literária e da arte, Benjamin apreendeu como poucos autores do seu tempo a realidade social e política que levavam a Europa rumo à catástrofe iminente. A partir das premissas apocalípticas, sobretudo para um judeu, nas décadas de 1920 e 1930, este autor concebeu uma aproximação original e coerente entre Materialismo Histórico e teologia, entre messianismo judaico e marxismo, para possibilitar, dessa forma, “mobilizar para a revolução as energias da embriaguês”. Para romper com a reificação do moderno trabalhador industrial, com a crença ilimitada no progresso da técnica, com a concepção de tempo linear, homogêneo e vazio, para recuperar a “aura perdida”, Benjamin desenvolve o conceito de “interrupção messiânica”. É esse conceito que este artigo pretende abordar, relacionando-o sempre com os exemplos empíricos de messianismo e milenarismo, sobretudo à Guerra do Contestado.        

Na íntegra em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/Urutagua/article/view/18449


ENTRE O CÉU E A TERRA: MATERIALISMO E MESSIANISMO NO CONFLITO DO CONTESTADO (1912 -1916)

Resumo: A partir da revisão de literatura do movimento do Contestado e da análise comparativa entre a geração de sociólogos e dos historiadores percebe-se que a historiografia está relegando o fenômeno religioso - ou o messianismo propriamente dito – como um epifenômeno. Alguns autores defendem “o ponto de vista de que as características milenares e messiânicas são apenas alguns dos aspectos a serem avaliadas no Contestado” e que “o conceito de messianismo, tal como é empregado por Pereira de Queiróz, é pouco útil para o estudo deste movimento social”. Para Ivone Gallo, as dúvidas que pairam sobre a guerra estão “na divergência existente entre a racionalidade republicana e o modo de vida caboclo”. Este artigo propõe uma análise sociológica da religião integrada às mudanças econômicas provocadas pela penetração do capital transnacional nos sertões brasileiros, sobretudo com o Sindicato Farquhar. Em suma, a historiografia dos movimentos sociais evoluiu bastante no quesito integração religiosa e político/social (Hobsbawm em “Rebeldes Primitivos” e “A invenção das tradições”, E.P. Thompson em “Formação da classe operária inglesa” e “Costumes em Comum). Buscamos a co-relação entre religião e economia sem entrar no determinismo ou na teoria dos reflexos de Marx, mas sim, através de autores como Walter Banjamin e Ernst Bloch que sintetizam materialismo histórico e movimentos messiânicos e milenaristas.