quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Pequena dúvida sobre o 11 de setembro:


A edição da revista Veja nº 1973 de setembro de 2006 trouxe uma reportagem interessante sobre uma possivel teoria da conspiração no atentando ao World Trade Center. Todavia, como é costumeiro o caráter parcial e passivo, a revista tratou logo de ironizar e desmistificar a teoria.

O filme intitulado Loose Change (Dinheiro Trocado) de 3 jovens americanos que tem argumentos sólidos foi ridicularizado. O documentario independente sugere a participação do governo no antentado e se baseia em 4 pressupostos. 1)Repórteres relatam ter escutado explosões e sentido tremores antes da queda dos prédios. 2) A estrutura dos prédios suportaria temperaturas de até 1500 graus, suficiente para resistir ao fogo provocado pelas explosões. 3) Sobreviventes viram água nos andares, comprovando que o sistema de incêndio teria sido acionado, sendo capaz de controlar o fogo. 4) Os prédios foram construídos para resistir ao impacto de um avião 707. Segundo um dos autores do videio "seria absolutamente impossível para um punhado de terroristas árabes, sem a ajuda do nosso governo, fazer tanto estrago".

Para contradizer o documentário, a Veja orgulhosamente, expõe a versão oficial do governo, onde o choque dos aviões danificou as colunas centrais de sustententação das torres e com isso os andares começaram a cair sobre os inferiores e refuta a versão conspiratória. 1)Os barulhos e tremores foram causados pela queda de destroços entre os andares. 2)A 1000 graus, a estrutura de aço amolece e perde 10% de sua força. 3)A água nos andares foi causada pela ruptura dos canos de banheiros mas o sistema de incêndio não funcionou. 4)As torres resistiriam a um 707, mas não a um Boeing 767, 20% maior. O jornalismo caricaturado da revista buscou até mesmo uma explicação racional, psicológica para a mente humana criar teorias conspiratórias. "Trata-se de uma reação de defesa do cérebro, que cria memórias falsas para permitir às pessoas que se sintam melhor, alheias à realidade nua e crua". Diz o neurocientista Ivan Izquierdo da PUC-RS. Ora, fazendo uma análise rápida e e simples me parece exatamente o inverso: uma tentativa do cérebro de organizar o caos provocado por uma situação de ilusão, suspeita ou mesmo dúvida; é a tentativa de iluminar o que ainda está nas trevas.

A reportagem acaba assim, mostrando as duas teorias e induzindo claramente o leitor à versão oficial. E sobre o atentado em sí nem eu tenho muito mais a acrescentar, é irrelevante. Mas e as consequências dele? Petróleo no Iraque? Somente petróleo? E a caçada invisível ao igualmente homem invisível Osama Bim Laden no Afeganistão?

O que as duas teorias, oficial e conspiratória não mostram é o interesse americano em ser atingido no seu território, o que justificaria ideologicamente o apoio da opinião pública caseira e internacional à empreitada estadounidense nem território hostil: o islâmico. Justificativa que foi reforçada por uma série de produções de cunho adestrador da mídia hipnotizante como O Caçador de Pipas e O Livreiro de Cabul.

Sabe-se que os EUA não são dotados de nenhum altruísmo ou benevôlencia, tampouco filantropia para levar a esses lugares tão remotos e de culturas tão exóticas aos ocidentais, a famosa "liberdade americana". Não de graça, não ao custo da vida de milhares de soldados e ao gasto de bilhões de dólares. Há, nas entrelinhas, um enorme interesse económico e, sobretudo militar. Não me refiro somente ao petróleo...

O sec. XX começou com a 1ª Guerra e a Revolução Bolchevique e todo desenvolvimento histórico daquele século esteve intimamente relacionado com esses acontecimentos: 2ª Guerra, socialismo, guerra fria, etc. Foi o século dos EUA.

O sec. XXI começou com o atentado às Torres Gêmeas e não é preciso ter bola de cristal para saber que os desdobramentos desse fato (ou manobra) ainda estão por vir. Este seria o século da China, como apontam tantos analistas e as próprias tendências econômicas, demográficas e culturais.


Os norte-americanos sabem disso melhor que ninguém, é inevitável. E a história nos dá provas de que sempre que duas potências ou impérios rivalizaram economicamente, rivalizaram também militarmente, havendo guerra. E qual o primeiro passo para vencer uma guerra? Conquistar territórios. Não o território físico/geográfico em sí, mas conquistar a influencia daquele espaço.


O leitor mais atento já deve ter percebido a comparação entre o 11 de setembro e o neo-imperialismo americano. O petróleo veio como bonus, ou melhor, como uma espécie de mecenas para um plano muito mais ambicioso e de longo prazo: manter a hegemônia e o estilo de vida capitalista por mais um século. Para tanto, se torna necessário levar a maquinaria bélica e o império cultural para a Ásia continental e subordinar o mundo muçulmano, antes que a China o faça.


Mais um século de domínio mundial justificaria a morte de 3278 inocentes no 11 de setembro? Para pessoas normais como você e eu dotados de compaixão e solidariedade, jamais. Mas para a ambição americana, com certeza; esse é um número descartável diante de tamanha cobiça. Nesse sentido, a participação americana nos atentados ao World Trade Center fica mais clara; mesmo uma participação discreta, indireta e omissa, de alguma forma eles sabiam e permitiram.


Mesmo para os leigos sem nenhum conhecimento em estratégia militar ou história das guerras, este me parece um argumento perfeitamente aceitável, basta você ter jogado ao menos uma vez WAR ou Bataha Naval que compreenderá que o território é a justificativa, a base, é instintivo. As vítimas do 11 de setembro represetam um único peão, sacrificado na tentativa de capturar o cavalo inimigo. Esse é o jogo da vida e jamais cessará.


"Sempre houve o bastante no mundo para todas as necessidades humanas. Nunca haverá o bastante para a cobiça humana". (Mahatma Gandhy)






Um comentário:

Guilherme Célio disse...

A mente humana não cria ilusões, “memórias falsas”, para ir contra uma certeza. Quer dizer, esta memória falsa que dizem, é bem mais incerta que a realidade passada, e seria um erro afirmar que o “cérebro – nesta forma mecanicista de falar, separando-o do corpo – criaria um conforto”, já que este pensamento é tão desconfortante, pois faz o sujeito se aperceber num contexto onde a sua vontade neurótica, louca por explicações e definições dos outros, perderia o rumo, e ele, possivelmente, entraria em crise. Obviamente, além da função social que a Veja desempenha, há de se salientar a função social que a ciência desempenha. A ciência é a loucura humana estudando a vida, e não é aceitação e procura, é negação.

Abraço Rui